PASSAGEM INTERDIMENSIONAL
Avaliei que da vida terrestre, com seu movimento
orgânico para à vida do espaço, com sua sensação radiosa, há forçosamente, na
mudança das situações, um intervalo, em maior ou menor tempo, conforme a
evolução, estado da alma e a observação do indivíduo. Do momento em que pararam
os órgãos que animavam meu pensamento humano, até o minuto em que despertei
para a luz do Além, tive uma espécie de sonolência, de sono hipnótico.
Sentia-me como que entorpecido, envolvido por condensações de vapor, que
formavam em torno de mim algo como um casulo fluídico. Meus queridos e bons
guias trabalhavam; depois, minha respiração deixou meu envoltório carnal e,
como um débil fio, desligou-se sem choque. Senti, então, todo o meu ser
dilatado, vaporoso, atraído como por mãos invisíveis, que não eram senão os
pensamentos de meus guias. Esses pensamentos se concretizavam e tocavam meu
espírito sob a forma de emanações luminosas, refletidas pelos espíritos de meus
entes queridos já desencarnados. Eu flutuava em derredor deles como o pássaro
que sai do ovo, mas que é frágil e dá seus primeiros passos em sua Terra. Havia
deixado minha forma carnal e ensaiava as primeiras evoluções no Mundo da Luz,
domínio maravilhoso criado por Deus.
Mais do que nunca, meus irmãos, sei agora que todo
ser humano rompe sua forma física com maior ou menor dificuldade, de acordo com
a sua evolução e conforme o grau de fé e de confiança que tenha na bondade e na
justiça de Deus. É assim que retornamos
ao Invisível que é o mundo das causas, o
grande manancial, o reservatório inesgotável em que se hão de alimentar o pensamento e a vida.
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